quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Neutrão


De tudo o que Deus criou e possui existe algo que lhe dilacera a própria existência: o neutro.

A razão seria apenas a de se combater a si próprio visto tudo tender para uma entropia generalizada que culmina em colapsos ditos eles, feitos de Deus. Ora se um Deus é capaz de gerar um Big Bang porque não é ele capaz de o dissolver e de o devolver ao seu estado mais pleno? Deus só sabe agitar o universo porque quando tudo assenta já nada faz parte da sua obra. A consequencia não é culpa do criador, porque a criação tem vontade própria e tem identidade e acaba sempre por derrotar o seu criador por mais forte que este seja. Sendo assim Deus beneficia de certas cláusulas existencias importantes: a primeira, a paridade da heterogenia que presenciamos em tudo o que sentimos, positivo e negativo. A segunda é ela mesma descendente da primeira mas não propriamente consequente: o neutro.

O positivo e negativo foram criados, e durante algum tempo, tudo fluiu, cresceu e não permaneceu inerte. Tal como qualquer criador, Deus agita a consciencia mas não a dilui, sendo que a primeira vaga de criação estava completa assim que se estabeleceram as relações extremistas entre positivo e negativo. Daí advem todos os outros opostos conhecidos até hoje nunca esquecidos no tempo.

Deus contava ainda com a anulação da criação, sendo que poderia essa ser ou não adviente da sua obra, daí ter resultado o neutro. Poderia Deus saber que a sua obra só estaria completa assim que desenhada e construida a sua anti-obra? Não. Apesar da omnisciencia existe também a ideia da imortalidade e em quem mais depositar o maior atributo que alguma vez teve senão na sua própria criação? O neutro foi posto de lado e Deus continuou a estabelecer a primeira cláusula como principal, ignorando a algum custo os lados que se querem unir e destruir a sua criação.

Sendo que o neutro ficaria de lado, não tardou a que os próprios opostos se aproximassem e se unissem num modo que o Omnisciente nunca pensara.

A destruição de Deus deu-se cedo. A criação revoltou-se contra o que este tinha ignorado e o positivo e o negativo tendem sempre para o neutro passando um novo Deus mais poderoso a existir.

Deus é a causa primeira de todas a coisas, no entanto, a sua destruição é consequencia e resultado da sua própria criação.

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